Ano de criação | 2024 |
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Dimensões | 90 L × 70 A × 0.5 P cm |
Tipos de arte | pintura |
Estilo | surrealismo |
Gênero | paisagem |
Materiais | acrilo, madeira |
Método de embalagem | Embalagem de papelão |
Aqui estamos no coração da savana. Um sol deslumbrante lança seus raios quentes sobre um prado africano, repleto de flores amarelas e brancas, giestas, urzes, rosas e lilases. Este prado imaginário, esta “pântano africano” - uma paisagem mista - é povoado por animais fabulosos que se preparam para festejar um aniversário: o do cachorrinho castanho, com cabeça de esquilo, discretamente escondido entre as patas de uma girafa curiosa usando velas. Uma lagartixa-rato verde corre ao longo do rio, em direção à girafa e ao seu pequeno protegido, príncipe do dia. A lagartixa rato carrega um bolo nas costas e um presente na cabeça. Um javali festivo trota em direção ao palco, animado como está para participar das festividades. Mais adiante na campina, deitado entre a grama, um bebê dragão, saindo de seu cochilo, contempla os três protagonistas, parecendo intrigado.
Artista autodidata, comecei a pintar em 2014, poucos anos após o nascimento do meu filho. O caminho que me levou à pintura? Essencialmente a necessidade de fugir de uma vida profissional chata, de me reconectar com meus sonhos de infância numa época em que me perdi, e a vontade de levar a fantasia a todos (jovens e velhos). Fiquei fascinado pelas magníficas ilustrações descobertas nos livros infantis que lia para o meu filho, e queria criar as minhas próprias imagens, as minhas próprias pinturas, que contassem a história do meu mundo interior, dos meus sonhos, das minhas fantasias, dos meus ideais. . Queria pintar o que me transportava para nunca esquecer, para guardar uma memória que pudesse transmitir, comunicar. Queria pintar para me reconciliar com uma vida em que não me reconhecia realmente, para finalmente descobrir quem eu era. Aceite o passado, entenda o presente que dele resulta e ame-o. Porque a beleza está em toda parte e porque é sempre possível reescrever a história da própria vida. Quando crio personagens a lápis, nunca sei de antemão o que vou desenhar. Solto minha mão e então vejo o que aparece. Gosto de não saber aonde minhas ações me levarão. Gosto de me surpreender com o que emerge dos primeiros traços do lápis. Tenho a agradável sensação de acessar algo meu que estava perdido (no meu inconsciente ou em minhas lembranças distantes, tanto faz?). Quando reúno um número bastante grande de desenhos a lápis, procuro aqueles que poderiam ser reunidos na mesma cena, os personagens que poderiam vivenciar aventuras juntos dentro da mesma pintura. Passo muito tempo criando essas composições. Quando descobri quais personagens têm coisas a dizer uns aos outros e em que cenário poderiam evoluir, passei à pintura. Eu sempre pinto meu fundo primeiro (uma paisagem natural) e depois insiro meus personagens nele. Tudo é feito com guache acrílico. A pintura e o desenho pareciam-me meios de expressão mais confiáveis e mais poderosos do que textos e discursos. Linguista de formação, no entanto trabalhei durante muito tempo com as palavras e a construção de significados, quando preparava a minha tese de doutoramento. A polissemia nas línguas às vezes é tão vertiginosa! Se permaneci sensível à poesia das obras literárias, bem como à beleza dos argumentos bem conduzidos, estes comovem-me menos, hoje, do que a poesia ou a beleza das imagens. As palavras, por vezes enganosas ou fonte de mal-entendidos, nunca suficientemente coloridas ou, pelo contrário, demasiado saturadas, não podem fazer tudo. Quando já não sabemos o que dizer nem como dizer, quando faltam as palavras, quando o silêncio é exigido, a pintura, a escultura, a música ou a dança podem assumir o comando, para o prazer de todos. Onde as palavras e as línguas nos separam, a arte acaba por nos unir.